quarta-feira, 2 de novembro de 2011


Uma das primeiras formas esportivas de luta desarmada com o mínimo de regras foi o pankration grego, que foi introduzido nos Jogos Olímpicos de 648 a.C. Mesmo mais tarde no início da Idade Média, estátuas ainda eram colocadas em Roma e em outras cidades para honrar “pankreatistas” famosos.

Eventos de vale-tudo alegadamente ocorriam no final de 1800, quando lutadores representando uma enorme variedade de estilos, incluindo vários lutadores de wrestling, wrestling Greco-Romano e muitas outras formas de artes marciais reuniam-se em torneios

e jogos em toda a Europa. O primeiro encontro entre um grande pugilista (boxer) e um wrestler nos tempos modernos, aconteceu em 1887, quando John L. Sullivan (ao lado), então campeão mundial dos pesos pesados de boxe, entrou no ringue para enfrentar o seu treinador, de wrestling greco-romano William Muldoon (abaixo), e foi derrubado ao chão em dois minutos.

O próximo encontro conhecido ocorreu na década de 1890 quando o futuro campeão dos pesos pesados de boxe Bob Fitzsimmons enfrentou o lutador campeão de luta greco-romana Ernest Roeber. Consta que, Roeber sofreu uma fratura no queixo, mas ainda foi capaz de derrubar Fitzsimmons e lhe aplicar um armlock (também conhecido como Kimura) fazendo o pugilista bater (ato de desistir da luta). Em 1936, o boxer peso pesado Kingfish Levinsky e o wrestler profissional Ray Steele competiram em uma luta mista, Steele venceu em 35 segundos.


Outro exemplo antigo de MMA é a arte marcial chamada de Bartitsu, fundada em Londres em 1899, esta foi a primeira arte marcial conhecida que combinou estilos asiáticos e europeus e que organizava eventos parecidos com o MMA moderno por toda a Inglaterra, colocando campeões europeus e japoneses contra representantes de diversos estilos europeus de wrestling.

Eventos mistos de boxe vs jujutsu (como era conhecido o jiu jitsu) eram um entretenimento muito popular por toda a Europa, Japão e Orla do Pacífico durante o início de 1900. No Japão estes eventos eram conhecidos como merikan (da gíria japonesa para americanos lutando). Os eventos de merikan tinham uma variedade de regras incluindo decisão por pontos, melhor de três derrubadas ou knockdowns, e vitória por knockout (K.O) ou finalização (ato de aplicar um golpe que impeça o movimento do adversário, causando dor e ou levando a perda de consciência. Ao sofrer uma finalização o lutador geralmente “bate” a fim de avisar ao oponente que este se dá por vencido. Ao bater o lutador foi finalizado).

O Wrestling Profissional “morreu” após a Primeira Guerra Mundial e renasceu em duas formas diferentes: "shoot", no qual os lutadores realmente lutavam, e "show", no qual o espetáculo era mais importante. Deu origem aos eventos de wrestling atuais como WWF e etc.


Atualmente



A história do MMA moderno pode ser traçada desde os eventos mistos de luta pela Europa, Japão e Orla do Pacífico durante o início dos anos 1900; os campeonatos de vale tudo da família Gracie no Brasil no início da década de 1920; e antigos torneios de mixed martial arts feitos por Antonio Inoki no Japão na década de 1970.

O esporte ganhou exposição internacional e ampla publicidade nos Estados Unidos em 1993, quando o lutador brasileiro de Jiu-Jitsu Royce Gracie venceu o primeiro torneio do UFC, finalizando três adversários em apenas cinco minutos, gerando faíscas para uma revolução nas artes marciais. No Japão o interesse contínuo no esporte resultou na criação do PRIDE Fighting Championship em 1997.

O movimento que levou à criação do UFC e do PRIDE está enraizado em duas subculturas interligadas. Primeiro os eventos de Vale Tudo no Brasil, seguido pelos eventos japoneses de shoot wrestling.

O Vale Tudo começou na década de 1920 com o "desafio dos Gracie" criado por Carlos Gracie e Hélio Gracie e continuado mais tarde por descendentes da família Gracie. No Japão na década de 1970, uma série de lutas de MMA foram organizadas por Antonio Inoki, inspirando o “movimento shoot” do wrestling profissional japonês, que levou à formação das primeiras organizações de MMA, tais como o Shooto, em 1985.

O conceito de combinar os elementos de várias artes marciais foi pioneirado e popularizado por Bruce Lee no final dos anos 1960 e inicio de 1970. Lee acreditava que "o melhor lutador não é um boxer, karateka ou lutador de judô. O melhor lutador é aquele que pode adaptar-se a qualquer estilo." Seus conceitos inovadores foram reconhecidos em 2004 pelo presidente do UFC Dana White quando ele chamou Lee de "o pai do MMA". O reconhecimento da eficácia do MMA foi testado quando o exército dos Estados Unidos começou a sancionar eventos de MMA; com o primeiro evento anual chamado “Army Combatives Championships” (Campeonato de Lutadores do Exército) em novembro de 2005.

O esporte atingiu um novo pico de popularidade na América do Norte em 2006 quando foi realizado o rematch

entre o então campeão Chuck Liddell e o ex-campeão Tito Ortiz. O lucro das vendas do PPV da luta rivalizou os maiores eventos de boxe de todos os tempos. Em 2007, a Zuffa LLC, os proprietários do UFC, compraram o rival japonês PRIDE, fundindo os lutadores contratados sob uma única organização.


Evolução dos Lutadores



Como resultado do aumento no número de lutadores, campos de treinamento, troca de informação e kinesiologia/cinesiologia moderna (estudo do movimento do corpo humano), a compreensão da luta e das diferentes estratégias foi significativamente melhorada. Joe Rogan, comentador do UFC, alega que "as artes marciais evoluíram mais nos dez anos seguintes a 1993 do que nos últimos 700 anos".

Os primeiros anos do esporte viu uma grande variedade de estilos tradicionais - tudo desde sumo até kickboxing - mas a evolução contínua do esporte viu muitos estilos se revelarem ineficazes, enquanto outros foram bem sucedidos.

No início da década de 1990, três estilos se destacaram por sua eficácia na competição: Jiu-Jitsu Brasileiro (BJJ), Wrestling e Shoot Wrestling. Esse resultado pode ser atribuído em parte à ênfase que esses estilos dão ao “agarramento”, que eram, talvez devido à escassez de lutadores de MMA antes do início dos anos 90, desconhecidos para a maioria dos praticantes de artes marciais baseadas em socos e chutes (striking).

Lutadores que combinavam wrestling com técnicas de soco e chute viram-se tendo sucesso na parte de pé da luta, enquanto lutadores de BJJ tinham uma vantagem clara no chão, os que não estavam familiarizados com finalizações e agarramentos relevaram-se despreparados para lidar com tais técnicas.

Lutadores de Shoot Wrestling ofereciam um equilíbrio entre wrestling amador e wrestling de pegada, resultando em habilidades bem balanceadas. Os lutadores de Shoot Wrestling eram especialmente bem sucedidos no Japão. Com as competições tornando-se mais e mais comuns, aqueles com uma base em artes marciais de socos e chutes (striking) tornaram-se mais competitivos à medida que se familiarizavam com takedowns (também conhecido como “derrubada”, é o ato de levar o oponente ao chão) e finalizações, levando a vitórias não esperadas contra os então dominantes grapplers (aquele que pratica grappling. Wrestlers, lutadores de BJJ, judocas e etc são grapplers.). Posteriormente, os lutadores provenientes dos diversos estilos de grappling acrescentaram técnicas de striking ao seu arsenal. Esta evolução global e o aumento do cross-training (treinar em várias artes marciais diferentes) resultou nos lutadores se tornando cada vez mais multidimensionais e bem equilibrados em suas habilidades.

Todas essas mudanças ficaram claras quando o campeão do UFC original Royce Gracie que tinha derrotado muitos adversários usando apenas o BJJ enfrentou o então campeão Matt Hughes no UFC 60 e foi derrotado por TKO (Technical Knock Out, ou nocaute técnico, é quando a luta é parada pelo árbitro que percebe o lutador impossibilitado de se defender. O árbitro para a luta fim de impedir dano desnecessário ao lutador) durante o ground-and-pound (quando um lutador põe o adversário no chão e começa a bater de uma posição superior).


MMA e as Olimpíadas



Acreditava-se que o reconhecimento olímpico do MMA ocorreria nas Olimpíadas de 2004, realizada em Atenas, sob a bandeira do pankration. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional não estava convencido de que a Grécia poderia lidar com o número total de esportes propostos. Dessa forma todos novos esportes sugeridos assim como o pankration foram excluídos.


Regras



As regras das competições de MMA moderno mudaram muito desde os primeiros dias do Vale Tudo, do Shoot Wrestling japonês, do UFC 1 e, mais ainda do histórico estilo de pankration. À medida que o conhecimento sobre as técnicas se propagava entre lutadores e espectadores, tornou-se claro que as regra minimalistas originais precisavam ser alteradas. Os principais motivos que levaram a estas mudanças foram a proteção da saúde dos lutadores, o desejo de acabar com a imagem de “uma luta bárbara até a morte” e ser reconhecido como um esporte.

As regras incluíram a introdução de classes de peso, com o conhecimento sobre as finalizações se propagando, mais lutadores aprenderam a evitar e aplicar técnicas de finalização, assim as diferenças de peso tornaram-se um fator significativo. Luvas pequenas e com abertura para os dedos foram introduzidas para proteger os punhos durante os socos, reduzir a ocorrência de cortes (e interrupções das lutas devido a cortes) e incentivar os lutadores a usar as mãos para socar. Para permitir que as lutas fossem mais cativantes um tempo limite foi estabelecido a fim de evitar lutas longas e com pouca ação. Nos primeiros eventos sem tempo os lutadores costumavam conservar suas forças, o que levava a lutas longas e complicadas de serem transmitidas na televisão. Por motivos similares também foi introduzida à regra de stand up (levantar), que pode ser aplicada uma vez que o árbitro perceba que os lutadores não estão se movimentando muito ou a luta não está chegando a lugar nenhum.

As luvas foram introduzidas obrigatoriamente pela primeira vez na organização Shooto do Japão e posteriormente foi adotada pelo UFC. Nos EUA os comitês atléticos e de boxe desempenharam um papel crucial na introdução de novas regras no MMA, porque consideram este um esporte semelhante ao boxe (isso é motivo para grandes discussões entre fãs do esporte). Organizações menores podem usar regras mais restritivas por terem lutadores menos experientes e que estão em busca de experiência e de exposição para conseguir lutar em organizações maiores onde os lutadores são mais bem pagos. No Japão e na Europa, não existe nenhuma autoridade que regulamente o esporte, por isso estas organizações têm uma maior liberdade no desenvolvimento de regras e do evento em geral.

A vitória em uma luta de MMA é normalmente obtida através da decisão dos juízes após certo período de tempo, uma paralisação pelo árbitro resultando em TKO (por exemplo, se um concorrente não pode se defender com inteligência), decisão médica (devido a uma lesão), uma finalização, K.O e quando alguém atira a toalha.


Estratégia e Técnicas



As técnicas utilizadas no MMA geralmente caem em duas categorias: técnicas de striking (socos, chutes, joelhadas, cotoveladas) e técnicas de grappling (como clinchs, finalizações, derrubadas e etc). Já que o MMA não tem nenhum órgão regulador internacional às regras podem variar entre as organizações. Enquanto a legalidade de algumas técnicas como cotoveladas, pisões entre outras pode variar, existe uma proibição universal quanto ao uso de "técnicas" como mordidas, golpes contra a virilha, dedo no olho, puxão de cabelo, golpes contra a nuca e coluna, segurar nas cordas/grade e manipulação de pequenas juntas.

Hoje os lutadores devem treinar em uma variedade de estilos para contra a atacar as forças de seu adversário e continuar efetivos em todas as fases do combate. Por exemplo, um lutador de stand-up (lutador que prefere lutar de pé) terá poucas oportunidades para usar suas habilidades contra um lutador versado em finalizações e que também tem bons takedowns. Muitas disciplinas tradicionais continuam populares como uma forma de um lutador melhorar os aspectos do seu jogo.
Estilos Populares



Stand-up (de pé): Várias formas de boxe, kickboxing, Muay Thai, e formas de full contact karate são treinadas para melhorar o footwork (trabalho de pés), cotoveladas, chutes, joelhadas e socos.

Clinch (muito próximo a outro lutador): Freestyle, Wrestling Greco-Romano, Sambo, e Judô são treinados para melhorar o clinch, takedowns e agarrões, enquanto o Muay Thai é treinado para melhorar o aspecto de “bater” do clinch.

Ground (solo/chão): BJJ, Wrestling, Judô e Sambo são treinados para melhorar a defesa contra finalizações e como aplica-las. Estes estilos são também treinados para melhorar e manter o controle da luta quando esta vai para o chão.

Alguns estilos foram adaptados a partir de sua forma tradicional, como as posições do boxe que não tem uma forma efetiva de defender contra chutes nas pernas e takedowns, técnicas de judô, bjj e sambo que devem ser adaptadas para a luta sem Gi (Gi é a roupa usada pelo lutador quando pratica a arte marcial em sua raíz). É comum para um lutador treinar com vários técnicos de diversos estilos ou com uma equipa organizada para melhorar vários aspectos do seu jogo. Condicionamento cardiovascular, treinos de velocidade, treinos de força e flexibilidade são aspectos igualmente importantes para um lutador de MMA.

Embora o MMA tenha sido inicialmente praticado quase exclusivamente por lutadores que competiam, hoje em dia já não é mais o caso. À medida que o esporte se tornou mais popular e mais amplamente ensinado, tornou-se acessível a uma vasta gama de praticantes de todas as idades. Defensores deste tipo de treino argumentam que ele é seguro para qualquer pessoa, de qualquer idade, com diferentes níveis de competitividade.


Estilos Híbridos



Os termos a seguir descrevem estilos híbridos que um lutador pode utilizar, no decurso de uma luta, para alcançar a vitória. Enquanto alguns lutadores, tais como BJ Penn e Fedor Emelianenko, podem conseguir vitórias através de striking, ground-and-pound ou finalização, a maior parte dos lutadores contará com um número menor de técnicas ao mesmo tempo em que adota um estilo que foca nas suas forças.


Sprawl-and-Brawl



Sprawl-and-Brawl é uma tática de luta em pé que consiste em ser o mais eficaz possível enquanto em pé, evitando ao mesmo tempo lutar no chão, geralmente usando sprawls para defender contra os takedowns.

Um sprawl-and-brawler é normalmente um boxer, kickboxer ou lutador de Muay Thai que treinou em wrestling a fim de evitar takedowns e manter a luta em pé. Muitas vezes, estes lutadores também irão estudar BJJ para evitar finalizações se a luta acabar indo ao chão. Chuck Liddell e Mirko "Cro Cop" Filipović são exemplos de sprawl-and-brawlers.


Luta no Clinch



Lutar no clinch e dirty boxe são táticas que consistem em por o adversário em uma posição de clinch para evitar que o adversário tenha distância e possa aplicar socos e chutes, procurando simultaneamente aplicar takedowns e bater no adversário usando joelhos, cotovelos e socos. O clinch é freqüentemente utilizado por wrestlers que adicionaram um componente de striking ao seu jogo, assim como lutadores de boxe ou Muay Thai.

Os lutadores podem utilizar-se do clinch como uma forma de neutralizar a habilidade superior de striking do adversário ou para evitar takedowns. O clinch feito por um lutador de Muay Thai é muitas vezes utilizado para melhorar a precisão das cotoveladas e joelhadas bem como controlar fisicamente a posição do adversário. Wanderlei Silva e Anderson Silva são exemplos de lutadores que gostam de “lutar no clinch”.


Ground-and-pound



Ground-and-pound é uma tática de luta no solo que consiste em levar o adversário ao chão usando um takedown, obter uma posição superior ou dominante e em seguida, atacar o adversário usando socos. Ground-and-pound também é utilizado como uma posição intermediária antes da aplicação de uma finalização.

Este estilo é utilizado por wrestlers ou outros lutadores bem versados em defesa de finalizações e que tem bons takedowns. Eles levam a luta para o solo, mantém uma posição clássica de grappling, e golpeiam seu adversário até este desistir ou ser nocauteado. Embora não seja um estilo tradicional de striking (sua eficácia foi demonstrada pela primeira vez por Mark Coleman), a eficácia e fiabilidade do Ground-and-pound tornou-a uma tática popular. Randy Couture e Tito Ortiz são exemplos de Ground-and-pounders.


Finalizações



É uma tática que consiste em levar o adversário ao chão usando um takedown e, em seguida, aplicando uma técnica de finalização (mata-leão, Kimura, triângulo e etc), forçando o adversário a desistir. Embora muitas vezes os grapplers prefiram manter uma posição dominante, alguns deles sentem-se confortáveis em lutar de costas para o chão. Se um grappler encontra-se ao chão, ele geralmente recorre a “puxar a guarda”, que consiste em puxar o oponente para uma posição dominante no chão.

Técnicas de finalização são uma parte essencial de muitas disciplinas, mais notavelmente no wrestling, judô, Sambo, pankration e BJJ. Josh Barnett, BJ Penn, os irmãos Rodrigo e Rogério Antônio Nogueira, Shinya Aoki e Fedor Emelianenko são exemplos de finalizadores.

O Abu Dhabi Combat Club e o FILA Grappling World Wrestling Games são exemplos de torneios de grappling.


Lay-and-pray (deitar e rezar)



Lay-and-pray é uma expressão pejorativa que dá nome a uma estratégia na qual um lutador controla seu adversário no chão, mas é incapaz de montar uma ofensiva efetiva. Eles simplesmente procuram anular o ataque do seu adversário, “rezando” para a uma vitória por decisão. Em algumas organizações de MMA, sanções podem ser impostas para os lutadores que utilizam técnicas de Lay-and-pray. Geralmente o árbitro manda ambos os lutadores levantarem e reinicia a luta com ambos de pé.

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